terça-feira, 8 de março de 2016


CORDEL ADOLESCENTE Ó XENTE!

O cordel abaixo de Sylvia Orthof foi trabalhado na sala na última aula de Literatura. As atividades propostas estão no livro da 4ª série "De olho no futuro" - Língua Portuguesa. Acrescentei-as abaixo para quem não tiver o livro.

Cordel  adolescente, ó xente!

Sou mocinha nordestina,
Meu nome é Doralice,
Tenho treze anos de idade,
Conto e reconto o que disse,
Pois me chamo Doralice,
Sou quem vende meu cordel
Nas feiras lindas do longe
Onde a poesia se esconde
Nas sombras do meu chapéu!


Eu falo tudo rimado
No adoçado da palavra
Do Nordeste feiticeiro;
No meu jeito brasileiro,
Aqui vim dizer e digo
Que escrevo muito livro
Que penduro num cordel,
Todo fato acontecido
Eu coloco no papel!


Vim pra feira, noutro dia,
Armei a minha poesia
Num cordel de horizonte,
Quem passasse no defronte
Daquilo que eu vendia,
Parava e me escutava,
Pois sou mocinha falante,
Declamava o que escrevia!


Contei de uma garota
Que amava um cangaceiro,
Era um tal cabra da peste,
Um valentão do Nordeste
Que montava a ventania,
Trazia susto e coragem
Por cada canto que ia!
Virge Maria!


O nome da tal mocinha?
Não digo... é um segredo,
Escrevo o que não devo,
Invento, pois tenho medo
De contar que a tal menina
Era... toda fantasia!
(...)
Sylvia Orthof. Cordel adolescente, ó xente!. São Paulo, Quinteto, 1996.

Disponível:http://lereumabeleza.blogspot.com.br/2009/10/leitura-cordel_16.html Acesso:08.03.16
Ler por prazer no ritmo do cordel
NOVA ESCOLA responde oito perguntas sobre como trabalhar a literatura de cordel na sala de aula

ARTE POPULAR Na CEIEF Aracy Nogueira Guimarães, a professora Ana Cristina Adão transformou a literatura de cordel em conteúdo de Língua Portuguesa para sua turma de 4º ano. Os principais objetivos: ampliar o repertório dos estudantes e desenvolver na meninada o comportamento leitor.Se você nunca pensou em apresentar literatura de cordel aos seus alunos, por considerá-la pobre ou popular demais, saiba que está cometendo um erro de avaliação. Primeiro porque popular não é sinônimo de má qualidade. Depois porque esse gênero literário é riquíssimo tanto na forma como no conteúdo. Tão rico que muitos especialistas costumam considerá-lo uma ferramenta excepcional para desenvolver na garotada o comportamento leitor. O que faz da poesia de cordel um instrumento capaz de estimular o hábito da leitura são características que costumam encantar as crianças, entre elas a musicalidade das rimas, a temática, que geralmente remete à cultura nordestina, e as metáforas, que abrem caminho para boas discussões. Já que é assim, por que não usar o cordel para ampliar o repertório da turma? NOVA ESCOLA foi ouvir quem entende do assunto para elucidar algumas dúvidas sobre como trabalhar com a leitura desse tipo de texto.
1 Qual é a melhor maneira de ler a poesia de cordel para os alunos em sala de sala?
O ideal é que você prepare a leitura com antecedência para dar o devido destaque ao ritmo e à musicalidade proporcionados pelas rimas. Treine a entonação, lembrando-se sempre de que é recitando de modo expressivo que os cordelistas atraem compradores para os seus folhetos. O professor deve atuar como modelo de leitor, questionando as intenções do autor ao escolher determinadas expressões e ajudando na construção do sentido (leia a sequência didática). Informe-se sobre a história e a estrutura poética. Se contar com os recursos necessários, reproduza gravações de cordel em sala de aula. Assim, os alunos terão referências da relação entre o texto e a oralidade típica do gênero.
2 E os estudantes, como devem fazer a leitura?
Ler em voz alta é bom, já que o cordel está fundamentado na oralidade. "Pedir que os alunos levem cordéis para casa e leiam para seus pais é uma boa maneira de aproximá-los do gênero", diz Hélder Pinheiro, professor da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
3 Depois de ler, o que discutir com as crianças?
Regionalismos, metáforas e palavras que fogem da grafia-padrão, por exemplo.Fatos históricos e aspectos culturais referentes à narrativa também devem ser abordados. Se você intercalar a leitura de cordéis com a de outros gêneros literários, discuta as diferenças entre eles.
4 De que forma explicar palavras fora do padrão?
Os desvios ortográficos típicos do cordel têm origem na estreita relação do gênero com a linguagem oral. Explique que, nesse contexto, eles não são considerados erros, mas traços da fala coloquial e da cultura popular que refletem o ambiente no qual o cordel foi criado.
5 Como abordar regionalismos e metáforas?
Esses elementos refletem o diálogo do sertanejo com suas crenças e seus dilemas cotidianos. É fundamental, portanto, que você estude os cordéis que serão lidos para ajudar seus alunos a compreendê-los. Preparar um glossário de termos regionais pode ajudar bastante.
6 Quais devem ser os critérios na hora de selecionar os textos que serão lidos?
Algumas poesias de cordel têm linguagem chula ou pornográfica. Outros narram histórias violentas. "Na hora de escolher as que serão lidas em sala de aula, é preciso descartar aquelas que apresentem temática inapropriada", diz a professora Ana Cristina Adão, que trabalha a leitura de cordéis com uma turma de 4º ano na CEIEF Aracy Nogueira Guimarães em Limeira, a 150 quilômetros de São Paulo (leia o quadro acima). Ana sugere que, levando em conta a experiência das crianças, sejam selecionados textos que tratem, por exemplo, de lendas, festas regionais, acontecimentos históricos ou simplesmente fatos cotidianos.
7 Dá para trabalhar o cordel no início da alfabetização?
Sim. "A métrica e a rima despertam a curiosidade das crianças", afirma Carlos Alberto de Assis Cavalcanti, mestre em Literatura pela Universidade Federal de Pernambuvo (UFPE). Apresentá-las ao gênero por meio de cordéis mais curtos, como os escritos em quadras (estrofes de quatro versos) ou sextilhas (de seis), é a melhor estratégia. Não fragmente o cordel. Durante o processo de alfabetização, é importante que os pequenos compreendam o texto em sua integralidade.
8 Onde encontrar boa literatura do gênero?
No Nordeste, encontram-se folhetos à venda em livrarias e até bancas de jornal. Quem está em outras regiões pode comprá-los pela internet, em sites de instituições como o Centro de Tradições Nordestinas, a Academia Brasileira de Literatura de Cordel e a Casa de Rui Barbosa ou de editoras como Luzeiro e Queima-Bucha. Outra possibilidade é recorrer a livros como Feira de Versos (vários autores, 136 págs., Ed. Ática, tel. 11/3990-1777, 28,90 reais) e O Menino Lê (André Coelho, 32 págs., Ed. Dimensão, tel. 31/3527-8000, 27 reais).

Um pouco de teoria:Do sertão para o mundo

Uma das características mais marcantes do cordel é a xilogravura que ilustra a capa dos folhetos. A técnica é rústica: passa-se tinta sobre uma figura entalhada e pressiona-se essa matriz sobre o papel, como se fosse um carimbo. Como a ilustração sintetiza a história contada pelo cordelista, esse é mais um elemento que pode ser explorado em sala de aula. O pernambucano J. Borges, considerado o mais importante xilógrafo do Brasil, já teve seu trabalho exposto até no Museu do Louvre, em Paris.



      
Literatura de Cordel

A literatura de cordel, também conhecida como folheto, aqui no Brasil é um tipo de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos. Suas imagens são feitas através da xilogravura. Este é um gênero literário popular, que existe em outros países além do Brasil. O nome literatura de cordel tem origem na forma como esses folhetos são vendidos, eles normalmente são pendurados em barbantes, cordas ou cordéis. Por isso o nome Literatura de Cordel. Estes folhetos eram vendidos em bancas, nas feiras e nos mercados.
Literatura de cordel
Foto: Reprodução

A origem

A literatura de cordel teve início no século XVI, quando o Renascimento passou a popularizar a impressão dos relatos que pela tradição eram feitos oralmente pelos trovadores. A tradição desse tipo de publicação vem da Europa. No século XVIII esse tipo de literatura já era comum, e os portugueses a chamavam de literatura de cego, pois em 1789, Dom João V criou uma lei em que era permitido à Irmandade dos homens cegos de Lisboa negociar esse tipo de publicação. No início, a literatura de cordel também tinha peças de teatro, como as que Gil Vicente escrevia. Esta literatura foi introduzida no Brasil pelos portugueses desde o início da colonização.

Mulheres Escritoras 


   
Homenagem as grandes mulheres  

08 de Março


A Garota mais bonita que eu conheço

A garota mais bonita que eu conheço
não é nenhuma miss, nem engata tantos olhares quando passa por aí
A garota mais bonita que eu conheço
nem acha que é bonita. 
Acha graça e não acredita 
quando eu à digo assim
A garota mais bonita que eu conheço
não faz nada para parecer bonita
Não faz boa maquiagem, 
não usa jóias ou roupas da moda,
não vai pra academia nem tem belo manequim
A garota mais bonita que eu conheço simplesmente sorri, 
e, quando sorri, 
ela é a garota mais linda do mundo!
Augusto Branco

segunda-feira, 7 de março de 2016


Eu sempre usei livro pra tudo:
pra saber ler, pra altear pé de mesa, pra aprender a usar a imaginação,
pra enfeitar sala quarto a casa toda,
pra ter companhia dia e noite,
pra aprender a escrever, pra sentar em cima,
pra rir, pra gostar de pensar,
pra ter apoio num papo, pra matar pernilongo,
pra travesseiro,
pra chorar de emoção, pra firmar prateleira,
pra jogar na cabeça do outro na hora da raiva,
pra me-abraçar-com, pra banquinho de pé;
eu sempre usei livro pra tanta coisa,
que a coisa que mais me espanta
é ver gente vivendo sem livro.
                                     Lygia Bojunga


Grandes escritores(as):Vida e obra
Lygia Bojunga
Lygia Bojunga é uma escritora brasileira de livros para crianças e jovens. Na década de 1970, ela teve uma importância muito grande, porque foi um período em que aliteratura infantil e juvenil do Brasilganhou mais destaque e conquistou muitos leitores.
Lygia Bojunga Nunes nasceu em Pelotas, no estado do Rio Grande do Sul, no dia 26 de agosto de 1932, mas mudou-se com a família para o Rio de Janeiro quando ainda era criança. Estudou teatro e trabalhou como atriz. Também trabalhou em rádio e televisão.

Obras

Só em 1972 é que Lygia Bojunga publicou seu primeiro livro, Os colegas, depois de ter ganhado, com ele, o primeiro prêmio do Concurso de Literatura Infantil do Instituto Nacional do Livro (1971). É uma fábula que traz a aventura de cinco animais: três cachorros, um urso e um coelho.
Depois desse vieram outros vinte livros, como Angélica (1975), O sofá estampado (1980), Tchau! (1984) e O meu amigo pintor (1987). Mas os que fizeram mais sucesso mesmo foram A bolsa amarela(1976), A casa da madrinha (1978) e A corda bamba (1979). Todos eles tornaram-se clássicos da literatura feita para a infância e a adolescência.
Em A bolsa amarela, um dos seus livros mais famosos, a autora conta a história da menina Raquel; é a primeira obra de Lygia em que uma pessoa é protagonista. A heroína, Raquel, esconde dentro da bolsa três vontades: a de não crescer, a de ser menino e a de virar escritora. Além das vontades, Raquel também guarda ali amigos secretos, como um galo chamado Afonso, um guarda-chuva e um alfinete de fralda. A casa da madrinha conta as desventuras de um menino, Alexandre, que vendia coisas nas ruas do Rio de Janeiro. Um dia, ele decide sair em busca da “casa da madrinha”, um lugar em que todos os seus problemas (a fome, por exemplo) poderiam ser resolvidos. Nessa jornada de Alexandre surgem o Pavão, a menina Vera e o Cavalo Ah.
Já no livro A corda bamba, Maria é uma menina criada num circo, filha de equilibristas. Ao perder os pais, a garota vai morar com a avó, que é rica e acha que pode comprar até gente com seu dinheiro. Maria estica uma corda entre a janela de seu quarto e a do apartamento vizinho que fica bem em frente. A obra é uma viagem de autoconhecimento.

A forma especial de escrever

Lygia Bojunga escreve de um jeito gostoso de ler, como se fosse uma conversa com o leitor. Ela mistura o real com a fantasia e trata de assuntos sérios mas ligados à vida de qualquer pessoa, inclusive crianças e jovens.
Ela entra no universo infanto-juvenil para falar sobre morte, suicídio, medo de crescer, luta pela sobrevivência, carência afetiva e preconceitos. Em suas histórias, muitas vezes, os objetos ganham vida. Isso tudo faz parte da surpresa que a vida sempre reserva para as pessoas atentas e curiosas.